Melhores Fazendas em São Carlos - Onde Visitar em São Carlos - SP

A Fazenda Pinhal é um importante testemunho das mudanças da arquitetura rural paulista ao longo dos séculos XIX e XX, localizada na cidade de São Carlos, muito conhecida pelo seu turismo rural no interior de São Paulo!

As primeiras atividades produtivas foram a criação de gado, a produção de cachaça e açúcar. O cultivo do café inicia-se mais tarde, em meados do século XIX, e para isso houve a necessidade de adaptar o espaço produtivo com a construção da tulha e casa de máquinas, dos terreiros para secagem de café e, provavelmente, aumentar o tamanho da senzala, uma vez que o trato com o cafezal exigia uma maior quantidade de pessoas.

A casa, que praticamente sempre foi ocupada, também sofreu reformas, incorporando novidades, porém preservou a essência do modo de vida da região em que se insere. Durante muito tempo, tal qual uma esfinge, a casa do Pinhal apresentou-nos mais questões que respostas. Talvez daí venha o fascínio que ela provoca sobre aqueles que se interessam pelo tema e pelo estudo da arquitetura rural paulista.

No entanto, durante o último restauro de 2012/15, algumas dessas perguntas começaram a ser respondidas. Descobriu-se, por exemplo, que a casa do Pinhal foi concebida originalmente com uma planta em "U", o que demonstra uma suntuosidade inesperada para uma sede de fazenda de 1830, situada nos então longínquos sertões de Araraquara. Em geral, as grandes casas desse período - mesmo as mais sofisticadas - apresentavam ou planta retangular ou a tradicional planta em "L", com a ala de serviços aos fundos.

As casas rurais brasileiras com planta em "U" estão ligadas a períodos já estabilizados de grandes ciclos agropecuários. Por exemplo, aparecem no Vale do Paraíba, na primeira metade do século XIX ou na região de Campinas, ligadas ao ciclo do café. No entanto, uma casa com esse porte e tipologia na região de São Carlos, que mal começava a se desenvolver, leva-nos a supor ser fruto de gente que chegava com muitos recursos e disposta realmente a desbravar e a se fixar na terra.

E que não duvidava em absoluto das potencialidades do local. Assim, a casa do Pinhal apresenta duas alas voltadas para os fundos, formando um pátio traseiro interno. A ala que menos sofreu alterações é a da capela interna – outro traço pouco comum nas casas rurais da região, que possui também o grande salão e as alcovas. Na outra, a mais alterada pelas reformas do final do século XIX e início do XX, percebe-se que havia uma cozinha interna, onde hoje está o "dormitório da Condessa".

Havia outra cozinha fora da casa, a que antigamente chamavam de "cozinha suja", pois era destinada ao preparo de alimentos de cozimento mais demorado; à limpeza de animais; ao fabrico de queijos, linguiças, às fornadas de pães – ou seja, os trabalhos mais "sujos" e complicados. Com as reformas, a "cozinha suja" foi interligada ao corpo do casarão e tornou-se a única.

Esse é outro fato que explica melhor a casa, pois alguns historiadores apontavam para a não existência de cozinha interna no Pinhal – o que em certos aspectos contradizia o encontrado na arquitetura rural da região, onde praticamente todas as casas possuem as duas cozinhas: a interna e a externa.

Há outras curiosidades que a estrutura do telhado nos conta, como a provável existência de dois alpendres entalados no corpo da casa, um voltado para o pátio traseiro, logo atrás da escadaria que sobe do porão e outro na atual sala de jantar, voltado para o jardim lateral (que com o tempo ganhou o poético nome de "jardim das camaradinhas").

Isso mostra que a casa não era tão compacta assim: ela se abria para vários lados, aproximando-se, nesse aspecto, da arquitetura rural mineira. Passam-se os anos e o Pinhal continua a nos surpreender e a ensinar sobre nossa história, sobre nossos hábitos que se foram e sobre outros que ainda virão. São histórias de quem já viveu muito e tem muito ainda a contar para as futuras gerações.

A História do local!

A Fazenda do Pinhal está localizada em terras da antiga Sesmaria do Pinhal. Na década de 1780, Carlos Bartholomeu de Arruda, avô do futuro Conde do Pinhal, e seu filho, Manoel Joaquim Pinto de Arruda, adquiriram terras por meio de cartas de sesmaria na região dos Campos de Araraquara.

Contudo, a ocupação das terras da Fazenda do Pinhal ocorreu com Carlos José Botelho, um dos filhos de Carlos Bartholomeu e herdeiro desta porção de terras. Foi ele quem deu início às atividades econômicas, com a plantação de cana de açúcar, criação de gado e, posteriormente, na década de 1840, plantação de café.

Também foi Carlos José quem construiu a Casa de Morada da Fazenda, nas primeiras décadas do século XIX. A partir da década de 1850, as plantações de café começaram a se intensificar nesta propriedade. Em tal contexto, seu proprietário era Antonio Carlos de Arruda Botelho, que se tornaria anos depois o Conde do Pinhal.

Ele era casado com Francisca Theodora Coelho, com quem teve um filho, o futuro médico, agricultor e senador Carlos José Botelho. Com o falecimento de Francisca Theodora, em 1862, Antonio Carlos se casou novamente, em 1863, com Anna Carolina de Oliveira, filha dos futuros Visconde e Viscondessa do Rio Claro. Com Anna Carolina, Antonio Carlos teve doze filhos: José Estanislau, Antonio Carlos, Martinho Carlos, Cândida, Eliza, Carlos Augusto, Maria Carlota, Carlos Américo, Sophia, Carlos Amadeo, Anna Carolina e Antonia.

A esposa Anna Carolina cuidava da Fazenda, dos empregados e da educação dos filhos na ausência do marido. Vários dos filhos deste casal estudaram na Europa, local em que há relato de viagens feitas por familiares. O auge do desenvolvimento cafeeiro na região dos Campos de Araraquara foi o último quartel do século XIX, momento que atraiu a vinda de muitos imigrantes, especialmente italianos. Antonio Carlos foi responsável pela abertura de várias outras fazendas no Oeste Paulista, mas a Fazenda do Pinhal permaneceu como a morada de sua família.

Parte do capital que adquiriu com suas atividades agrícolas (principalmente o café) foi invertido em outros negócios, com sócios ou não: Companhia da Estrada de Ferro do Rio Claro, que ligava Rio Claro a São Carlos e Araraquara, com ramal até Jaú; Casa Comissária “Arruda Botelho”, em Santos; Banco de São Paulo, Banco União de São Carlos e Banco de Piracicaba; Companhia Agrícola, na região de Ribeirão Preto, adquirida de capitalistas fluminenses.

Antonio Carlos ocupou também vários cargos influentes em sua vida, nas esferas local, estadual e nacional. Foi Vereador da Câmara de Araraquara (sendo algumas vezes Presidente desta Casa), Juiz Municipal de Araraquara, Deputado na Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, Deputado na Câmara dos Deputados (do Império) e Senador no Congresso Constituinte do Estado de São Paulo (na Primeira República).

Foi nomeado Tenente-Coronel da Guarda Nacional, tendo participado da Guerra do Paraguai, enviando alimentos e promovendo a manutenção dos caminhos a Mato Grosso. Por seus feitos, especialmente a participação na Guerra do Paraguai e, posteriormente, a construção da Estrada de Ferro, adquiriu ao longo de sua vida os títulos de Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional (1867), Oficial da Ordem da Rosa (1868), Barão do Pinhal (1879), Visconde do Pinhal (1883) e Conde do Pinhal (1887).

Antonio Carlos de Arruda Botelho faleceu em 1901. Sua esposa, Anna Carolina, faleceu em 1945. A Fazenda do Pinhal permanece, desde sua fundação até os dias atuais, em mãos de descendentes da Família Arruda Botelho, que mantêm viva a memória de seus ancestrais, sempre se empenhando em preservar este importante patrimônio do interior paulista.

O Centro de Estudos!

O Centro de Estudos da Casa do Pinhal é um espaço destinado para a realização de pesquisas e leituras. Possui um importante acervo arquivístico e bibliográfico, pautando-se especialmente na abordagem de temas como a história do Brasil e do estado de São Paulo, a cultura paulista, a produção de café no antigo Oeste Paulista, a mão de obra utilizada nas fazendas cafeeiras (escravizada e por trabalhadores livres – nacionais e imigrantes), o sistema ferroviário de São Paulo, a ocupação da região de São Carlos e a história da família Arruda Botelho, tudo perpassando o período do século XIX e início do século XX.

Boa parte desse material pode ser consultada pelo nosso acervo digital. Além do Arquivo e da Biblioteca, o Centro de Estudos conta também com a área da Ação Educativa, cujos educadores são os responsáveis pela realização de visitas mediadas oferecidas na Fazenda do Pinhal.

Arquivo!

O acervo físico do Arquivo atualmente é composto por cerca de dez mil documentos dos gêneros iconográfico (fotografias), textual (cartas, livros e documentação contábil), audiovisual (vídeos e áudios de entrevistas) e cartográfico (mapas e plantas), que contemplam, em sua maioria, a Fazenda do Pinhal e a Família Arruda Botelho em diversas temporalidades.

As cartas do acervo são datadas do período entre 1863 e 1947, algumas são originais e outras apenas transcrições. As mais antigas são as que foram trocadas entre o conde e a condessa do Pinhal, das quais possuímos apenas aquelas escritas por ele e endereçadas à sua esposa. Há também um conjunto de cartas mais recentes, escritas pelos filhos e outros familiares.

Todas elas foram digitalizadas, transcritas e a maioria está disponibilizada nos seis volumes que compõem as "Cartas da Família Arruda Botelho" (uma das publicações do Centro de Estudos da Casa do Pinhal). O documento mais antigo existente no Arquivo se trata de um Livro Contábil, de 1850, de um armazém de secos e molhados localizado em Piracicaba e que, provavelmente, pertenceu a Antonio Carlos de Arruda Botelho, o futuro conde do Pinhal.

Todo o material do acervo se encontra em processo de tratamento e catalogação e boa parte dele já está disponibilizada "on line" no link Acervo Digital. A Casa do Pinhal fornece gratuitamente cópias digitalizadas de documentos do seu acervo, mediante solicitação, análise e termo firmado.

O Centro de Estudos aceita empréstimos de documentos, uma vez que o conteúdo dos mesmos possa complementar o material que já possui e contribuir 8 com as pesquisas que são constantemente realizadas. Importante ressaltar que em casos como este será feita cópia digitalizada do documento objeto do empréstimo e o original será devidamente devolvido ao seu custodiador.

Biblioteca!

A Biblioteca da Casa do Pinhal possui aproximadamente 8.117 exemplares, entre livros, periódicos, mídias etc. Todas as obras estão catalogadas e seu acervo inteiramente informatizado, cujos títulos encontram-se disponibilizados para pesquisas dos consulentes. O acervo bibliográfico é diversificado, com exemplares de várias áreas do conhecimento. Possui obras raras e especiais, tais como os exemplos que seguem:

Revista Moderna. Paris: s.n., 1897-1899 (n.01-30).

A Revista Moderna foi fundada e dirigida pelo filho do conde do Pinhal, Martinho Carlos de Arruda Botelho, e teve colaboração de Eça de Queiroz. Era editada em Paris com circulação no Brasil. Foi publicada entre os anos de 1897 e 1899 e representava o periodismo da Belle Époque, com várias ilustrações. Um dos seus grandes méritos foi a publicação inédita do romance de Eça de Queiros "A Ilustre Casa de Ramires".

KNEIPP, Sebastião, Mons. A minha cura d'agua ou o meu systema hydrotherapico comprovado por uma experiência de maes de 40 annos e escripto para o tratamento das doenças e conservação da saude. 3.ed. Alfredo C. Pinto (trad.). Porto Alegre: João Mayer Jun.& Comp., 1896. 448 p. Esta obra foi adotada pela Condessa do Pinhal na construção da escada d'água, localizada no pomar da Fazenda Pinhal. Tal escada era usada naquela época para tratamento médico e atualmente é um dos atrativos para os visitantes do Pinhal.

CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Formulário e guia medico. 15.ed. Pariz: Ed. Andre Roger & F. Chernoviz, 1892. 1541 p. Os guias médicos do Dr. Chernoviz eram muito utilizados nas regiões rurais do Brasil, no século XIX e início do século XX, devido à falta de médicos nessas localidades. Eram usados também pela condessa do Pinhal, que os consultava para tratamento de seus familiares e trabalhadores escravizados.

Ação Educativa!

A Ação Educativa do Centro de Estudos desenvolve um trabalho pedagógico com o intuito de realizar mediações culturais com públicos de todas as faixas etárias, buscando atuar como uma facilitadora no contato dos visitantes com o Patrimônio Cultural da Fazenda do Pinhal.

A partir desse contato com a materialidade das edificações e do acervo, os educadores propõem reflexões sobre os processos de preservação e transformações pelos quais a Fazenda passou ao longo do século XIX e início do século XX, próprios do período cafeeiro paulista, durante os últimos anos de escravidão e início do processo de imigração.

Por meio da mediação cultural, surge o compromisso sócio educacional de propor diferentes abordagens didáticas a partir do acervo existente e da experiência trazida pelos visitantes.  A intenção nesse tipo de abordagem é despertar o pensamento crítico a partir da observação, da escuta e do diálogo, de modo que o passado possa ser pensado em relação às questões do tempo presente, em que os pontos de vistas histórico, cultural e social são trabalhados como processos complexos e em constante construção.

Pesquisas!

As pesquisas realizadas no Centro de Estudos pautam-se especialmente nos temas de estudos que são abordados pelas diferentes áreas deste Centro e buscam contribuir com os trabalhos desenvolvidos na instituição.

Além da análise e consulta de documentos, livros, periódicos e demais materiais existentes nos acervos arquivístico e bibliográfico da Casa do Pinhal, pesquisas são realizadas em acervos de outras instituições, com o intuito de identificar novos materiais e informações que possam ser relevantes às atividades e trabalhos desenvolvidos no Pinhal.

Endereço: Rodovia Municipal Domingos Innocentini, s/n Km 4,5 - Zona Rural - São Carlos

(16)3377-9191

http://www.casadopinhal.com.br/

https://www.facebook.com/Casa-do-Pinhal-1635215540073676/


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Fonte(s): Fazenda Casa do Pinhal / Google / Wikipedia - Fonte(s) Fotos: TripAdvisor / YouTube / Wikipédia / The Theory Of Friends
Data Última Alteração: 09/02/2022