O coronel Ernesto Schmidt era proprietário de uma gleba de terra de cinco mil alqueires, denominada Fazenda Tapir, no município de Pereira Barreto. Isso no final da década de 50.
No ano de 1960, mais precisamente no mês de março, ele vendeu para Francisco Moreira da Silva e seu cunhado, Romeu Faggioni, uma área de 1.050 alqueires. Os compradores deram a concessão de venda para os irmãos Acácio e Otávio de Oliveira e os mesmos contrataram, na época, um agrimensor – o Sr. Ângelo Nardi – para lotear toda aquela área em pequenas propriedades rurais.
Mas deixaram parte das terras, toda cortada em lotes e ruas, para a formação de um povoado. A chegada das primeiras famílias trouxe muita procura por sítios e lotes.
No dia 13 de junho de 1960, no número 212 da rua Quatro – hoje rua João Rosa de Souza – foi fincado o cruzeiro e decretada oficialmente a fundação do povoado de Santo Antonio d’Oeste, pelos irmãos Oliveira. Ali ergueu-se uma pequena igreja, feita de tábuas e construiu-se, com tijolos, a escola do vilarejo.
Devido à grande procura por sítios, o coronel Schmidt e seu homem de confiança na época, o administrador Salvador Ferreira de Souza, lotearam mais duas glebas de terra; a primeira junto ao córrego Três Porteiras, a cabeceira dos córregos do Ranchinho e da Perdida, e a segunda, denominada Loteação Nova, junto ao córrego da Jacutinga.
Desta primeira gleba foi deixada uma área, toda cortada em lotes, ruas e chácaras anexas à área onde foi fincado o cruzeiro, para que o povoado de Santo Antônio d’Oeste se desenvolvesse melhor. Rapidamente, os lotes foram vendidos.
Por essa época, também foi loteada a fazenda do Sr. Jorge Gasbarro, onde hoje está o povoado de São Jorge, que pertence ao município de Suzanápolis.
E assim, o povoado foi crescendo e pequenos comércios foram surgindo. A padaria e a sorveteria, com motores a diesel, possuíam lâmpadas e alto-falantes que, à noite, atraíam jovens num passeio entre os dois estabelecimentos até por volta de 22 horas, quando fechavam suas portas.
A senhora Lazara Alves de Mello fornecia refeições e pouso ao agrimensor e seus ajudantes, que faziam os loteamentos do povoado.
Com o desenvolvimento do loteamento Schmidt foi transferido o cruzeiro para o local onde até hoje está e ali fosse construída a igreja matriz, hoje Avenida Primeiro de Maio, nº 300.
A preservação sempre foi uma preocupação da família Schimdt, que manteve na propriedade extensas áreas de mata virgem abrigando variadíssima fauna silvestre, que ainda hoje está salva do desmatamento. Iniciou-se o loteamento da fazenda, porém manteve-se grande reserva florestal, que se reflete até hoje na estrutura agrária do município com parte territorial predominante de pequenas propriedades.
A pecuária de corte sempre foi a principal atividade econômica da região, já a agricultura era praticada principalmente por arrendatários, que faziam renovação das pastagens para os grandes pecuaristas. Nas pequenas propriedades praticava-se principalmente a agricultura de subsistência e a pecuária de leite com baixa tecnologia.
O senhor Antonio Negrão, homem respeitado e de muita personalidade, foi a primeira pessoa nomeada para dar segurança aos moradores de Santo Antonio d’Oeste.
Quem precisasse ir de ônibus a Pereira Barreto ou Aparecida d’Oeste teria que andar dois quilômetros a pé até a Porteira Preta, única parada dos ônibus que levavam a esses locais. Até que no ano de 1964 o senhor Salvador Ferreira de Souza conseguiu, junto aos órgãos competentes, uma linha provisória de Aparecida a Pereira Barreto, passando por Pio Nogueira, São Jorge e Santo Antonio d’Oeste, um trajeto de estradas muito precárias na época.
O senhor Ademar Gouveia de Melo vendeu seu pequeno comércio e comprou um ônibus usado para fazer o percurso todos os dias, por tempo indeterminado. Até que as estradas foram melhoradas e o Expresso São Paulo, do empresário Francisco Simões Mello – o Chicão – proprietário da concessão da linha de Jales a Pereira Barreto, passou a fazer seu trajeto passando pelo patrimônio de Santo Antonio d’Oeste.
Em 28 de fevereiro de 1964, através da lei Nº 8092, o Patrimônio de Santo Antonio d’Oeste foi elevado à categoria de distrito pelo então governador Ademar Pereira de Barros e nessa mesma data passou a denominar-se Suzanápolis, em homenagem à senhora Herna Schimidt, ou Suzana, esposa do coronel Ernesto Schmidt.
Em 1964 o distrito de Suzanápolis participou da primeira eleição do município de Pereira Barreto e lançou candidatos próprios a vereador. Foi eleito o senhor Salvador Ferreira de Souza, primeiro representante do distrito na Câmara Municipal de Pereira Barreto. A partir daí, Suzanápolis passou a ter seus representantes em todos os mandatos.
Com muito empenho de Salvador Ferreira de Souza e do Prefeito de Pereira Barreto, Dr. Léo Liedtke, em 1966 o distrito passou a ter energia elétrica vinda da usina geradora de Itapura, inaugurada na semana do Natal daquele ano e considerada um presente para os moradores.
Esse fato inspirou o senhor Júlio Morais, um dos mais antigos moradores e dono da única pensão do lugar, a trazer um projetor de filmes e, assim, proporcionar mais entretenimento.
Depois, foram chegando as benfeitorias, como a criação da subprefeitura e a construção da praça da matriz, toda com calçada, iluminada e ajardinada. Foi construído o prédio da Escola Estadual Coronel Ernesto Schimidt, que passou a oferecer também o antigo segundo grau, hoje ensino médio. Correios, linha telefônica, cartório, posto de saúde com bons médicos uma vez na semana também representavam o progresso que se fazia sentir cada vez mais.
A primeira agência bancária, do Banco Noroeste, e o posto de atendimento da Nossa Caixa indicavam a solidificação desse progresso, bem como a construção de um posto de gasolina, de propriedade de Ariovaldo Barreto Netto.
O transporte de alunos da zona rural proporcionava estudos para muito mais pessoas, e também os levava até a faculdade, em Pereira Barreto. Todas essas benfeitorias foram conquistadas ainda na condição de distrito. Mas todos acreditavam que era possível crescer.
No início da década de 90, lideranças locais iniciaram o movimento para emancipação política de Suzanápolis.
A lei estadual nº 7764, de 30 de dezembro de 1991, elevou Suzanápolis à categoria de município que, desmembrado de Pereira Barreto, instalou-se em 1º janeiro de 1993 e possui um só distrito-sede.
Em 1992, realizou-se o primeiro pleito eleitoral que elegeu Prefeito, vice-prefeito e vereadores, todos empossados na data de instalação do município. Encerrada a gestão, em 1966, contabilizou-se um saldo positivo de conquistas para o novo município, que já contava com a oferta de vários serviços públicos à sua população.
O crescimento físico da cidade foi uma das conseqüências da emancipação. Além disso, hoje Suzanápolis é uma cidade onde 100% das residências recebem água potável de qualidade, aprovada pela vigilância sanitária.
O saneamento básico sempre foi prioridade, por isso sempre foi levado em consideração que obras de saneamento básico são preventivas na erradicação de doenças.
Já em se tratando de moradias, a administração municipal, no ano de 1995, juntamente com sua equipe de engenharia formalizou o programa municipal de desfavelamento que, em menos de dois anos, possibilitou a construção de 150 unidades habitacionais em alvenaria, proporcionando melhores condições de vida à população.
Com as obras desse programa foram instalados mais de três quilômetros de rede coletora de esgotos sanitários, 95% da cidade recebeu pavimentação asfáltica e foram iniciados os trabalhos de regularização dos terrenos que se encontravam em situação irregular. Para isso, a prefeitura, através de seu setor de engenharia, iniciou o processo de usucapião dos lotes, um processo muito lento e que vai exigir ainda muito trabalho das futuras administrações para tornar-se realidade e bem para a população.
Em 2002, a Fazenda Tapir que é o grande marco do início da história de Suzanápolis foi desapropriada para reforma agrária e atualmente grande parte dessa área é preservada sob responsabilidade do IBAMA.
Fonte: https://www.suzanapolis.sp.gov.br/